segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 A minha "Opinião" de hoje no JORNAL ECONÓMICO


 

As bodas de Caná e as moratórias bancárias

terça-feira, 1 de setembro de 2020

 A minha "Opinião" de hoje - JORNAL ECONÓMICO


As televisões portuguesas falam todos os dias na “queda histórica do PIB”, na “queda abrupta da economia”, no “aumento brutal do desemprego”. O factor psicológico também conta.

Os portugueses nunca foram muito dados a uma autoestima elevada, preferindo o velho fado da cultura do nacional-pessimismo, alavancado por uma forte sensação de que o que vem do exterior é que é bom.

Mas esta ideia de remoer as coisas más e não enaltecer as boas, não se pense que é das últimas gerações, quiçá, esteja alicerçado nos tempos do entreposto e Feitoria de São Jorge da Mina (finais do séc. XV), em que holandeses e flamengos, passavam a perna” à nossa burguesia.

Vem isto a propósito daquilo que todos os dias vemos e assistimos em todos os canais de televisão, do sublinhado negativo que a pandemia tem significado para a economia e para o emprego (desemprego).

Obviamente que não se deve esconder a situação difícil que o nosso país atravessa, com a queda da riqueza nacional, encerramento de fábricas e serviços e o consequente aumento do desemprego. Nada disto se deve escamotear dos portugueses, todos devem saber o que se passa na realidade.

No entanto, o que está a acontecer em Portugal tem um espelho e, nalguns casos, bem maior, em várias latitudes europeias, e não vejo na imprensa espanhola (em que a dimensão do rombo é bem maior que em Portugal), na imprensa francesa ou italiana, o exacerbar e o sublinhado dramático diário que a imprensa portuguesa confere a esta situação.

Não há dia em que as televisões portuguesas não empreguem expressões, como “queda histórica do PIB”, “queda abrupta da economia”, “aumento brutal do desemprego”, “ainda virão tempos bem piores”, etc.

Ora, tudo isto é de facto verdade e por essa razão é que a Comissão Europeia, no passado dia 21 de Julho, chegou a acordo e aprovou um plano de recuperação e um pacote de auxílio às economias de todos os países da União, no valor de 750 mil milhões de euros.

Tudo isto é evidente.

Por outro lado, é sabido que o factor psicológico e o sentimento de confiança dos cidadãos assenta, muitas vezes, na forma como a informação é “servida” e percebida por estes. Ora, num país intrinsecamente pessimista, estar todos os dias a assistir a estes bombardeamentos de múltiplos lados, acaba por contribuir para uma sensação ainda pior do que na realidade ela se configura.

De nada serve estarem sempre a sublinhar com frases fortes a situação difícil que atravessamos. Todos os portugueses sabem que a situação é difícil! E que ainda levará algum tempo até nos recompormos (em termos sanitários e económicos), mas moderar a forma como a situação é apresentada diariamente é ajudar o país e os portugueses.

Sabemos que quanto mais alarmante é uma notícia, mais capta as atenções dos espectadores, mas numa situação grave como aquela que vivemos, deveria haver mais cuidado e sensibilidade por parte dos directores de informação, por forma a não contribuírem ainda mais para um sentimento de depressão que já se apoderou de muitos portugueses.

Seria sensato, mostraria inteligência e diminuiria o consumo de fármacos antidepressivos!

terça-feira, 14 de julho de 2020

A minha "Opinião" de hoje no JORNAL ECONÓMICO


Azul – 7,5% – TAP


Muitas interrogações vão ficar para sempre por esclarecer no que respeita à anterior gestão da TAP, entre elas o porquê de um empréstimo com uma taxa agiota de 7,5%.

Com as dificuldades que a TAP está a passar, com as negociações duras que têm ocorrido, vieram a público, algumas “zonas cinzentas” que não eram conhecidas dos portugueses.
Diria que, em face de qualquer litígio, na ânsia das partes ganharem alguma vantagem sobre a outra, se acabam por esgrimir argumentos que nos levam, muitas vezes, a tomar conhecimento do impensável.
Uma das situações que veio agora a público foi o célebre empréstimo feito pela empresa Azul (cujo acionista maioritário é o ex-acionista da TAP – David Neeleman) à TAP, no valor de 90 milhões de euros, no início de 2016, a uma taxa de juro de 7,5% com maturidade em 2026. Este empréstimo poderia, na maturidade, ser convertido em capital, isto é, era obrigacionista convertível em ações.
Recordo que com o processo de privatização da TAP, o consórcio Atlantic Gateway (David Neeleman e Humberto Pedrosa), possuía 61% do capital da TAP.
Mas, para contextualizar o enquadramento da taxa desse empréstimo obrigacionista, gostava de recordar algumas taxas de referência nesse mesmo ano de 2016: Euribor a 6 meses – (-0,0041%) – Euribor a 12meses – 0,058 % – Taxa de cedência de liquidez do BCE – 0,00% – Taxa Média dos financiamentos da banca portuguesa a grandes empresas (+ de 1 milhão de euros) – 2,69%.
Face a tudo o que anteriormente referenciei, não consigo entender como foi possível a TAP comprometer-se a pagar 7,5%?! O que estava a fazer a Comissão Executiva? Não viu a taxa do empréstimo? Pode dizer-se que era uma taxa perfeitamente agiota e absolutamente desenquadrada do mercado.
Seria o “rating” da TAP assim tão mau que não encontrou um banco (ou sindicato bancário) que estivesse disponível para fazer o mesmo financiamento a uma taxa de juro completamente distinta (por valores muito inferiores)?
A SIC emitiu um empréstimo obrigacionista em junho de 2019 com um prémio de 4,5%; em novembro de 2018, o Sporting emitiu um empréstimo obrigacionista com um prémio de 5,25% e o Benfica arrancou há dias com um outro empréstimo idêntico a quem vai pagar um prémio de 4,5%. Isto para dar apenas alguns exemplos.
Será o “rating” da TAP bastante inferior a estas três instituições? Ou houve incompetência grave da parte de quem teve o poder de decidir? São de facto muitas interrogações que vão ficar para sempre por esclarecer.
Mesmo não tendo a TAP (ao tempo) qualquer poder operacional e de decisão, não competia ao representante do Estado na TAP alertar o ministro que tutelava na altura a TAP para o desastre financeiro que compaginava e configurava a taxa agiota desse empréstimo?
Confesso que faço um enorme esforço para tentar compreender como foi possível um erro tão grosseiro de gestão, mas não consigo arranjar uma razão que não seja uma enorme incompetência.
O interesse do acionista Estado nunca esteve aqui defendido. Claro que os interesses do ex-acionista Neeleman estavam bem defendidos com uma taxa de 7,5%! Mas não haver ninguém que lançasse um alerta é mais difícil de entender.
Sempre se percebeu que o ex-acionista Neeleman estava ali para fazer negócio e para lucrar. O que era mau para o país nada lhe dizia, desde que fosse bom para ele. Felizmente chegou ao fim a sua permanência na TAP.
A TAP vai enfrentar o caminho das pedras, com custos indeterminados para os contribuintes, porém, com uma gestão de profissionais estrangeiros capazes, dentro de três ou quatro anos teremos uma empresa mais saudável e no caminho dos lucros. Assim se espera. Mas o referido empréstimo a 7,5% irá ficar para sempre “atravessado” na memória dos portugueses!

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Algoritmo de recrutamento para as Nações Unidas e suas agências

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PARTILHAS

Em muitos casos, não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, as pessoas escolhidas não são as mais competentes nem criam valor para a posição em causa.

Trabalhei durante 30 anos no mais elevado nível de Direcção (Alta Direcção) em dois dos maiores bancos mundiais, onde apenas chegam os competentes, que cultivavam ética, rigor, honestidade e confiança. Nunca ninguém poderia alcançar cargos de gestão especiais sem demonstrar um alto nível de desempenho e sem compartilhar os valores mencionados acima.
Tudo isso contrasta fortemente com a fórmula de recrutamento das Nações Unidas, e das suas agências, para os seus cargos de Alta Direcção.
Colocando à frente de tudo as infames quotas – países representados, semi-representados e não representados – geralmente acabam não contratando os melhores, mas, pelo contrário, contratam pessoas com níveis de desempenho medíocres, em nome das quotas” já invocadas.
Percebo que uma instituição que visa o lucro é muito diferente de outra cuja missão é distinta. No entanto, ambas devem ser regidas por algoritmos de contratação competentes. Apenas pessoas experientes e competentes podem (e devem) fazer a diferença.
Se atentarmos a quem dirige ou representa Altos cargos nas Instituições das Nações Unidas, OCDE, Banco Mundial, OMS e quejandas, constatamos que são ex-primeiros-ministros, ministros, secretários de Estado, políticos e outros tais, que se arrastaram uma boa parte da vida pelos corredores bafientos do poder, e que não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes no golpe de asa” para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, acabam por ser escolhidos em detrimento de quem é mais competente e que poderia criar valor na posição em causa.
Aliás, para quem anda atento a este tema, vê que a visão destas Instituições é algo parecida com a visão que o Partido Comunista tem das empresas e da sociedade em geral – o que é bom é o que se configura como público ou de Estado; tudo o que é privado compagina o Diabo que é preciso conjurar. Isto é, alguém do sector privado, com provas de competência dadas, visão estratégica estruturante, elevados níveis de experiência em criação de valor e com ideias reformadoras nunca poderá ter a veleidade de aspirar um cargo de Alta Direcção nessas Instituições. Estes cargos estão “reservados” para quem está dentro do aparelho e na roda gravitacional da promoção interna.
Veja-se que quem ocupa esses altos cargos, geralmente é de um país fortemente contribuinte líquido do sistema. Há casos em que tal não acontece, é verdade, mas esses são escassos e servem somente para mascarar o que é regra geral.
É inimaginável um “outsider” ousar pensar que um dia poderia (ao menos) estar presente numa shortlist destas Instituições. Quem está fora do aparelho destas Instituições representa uma “ameaça” para o establishment, porque sendo pessoas com ideias próprias, algumas até capazes de pôr em causa a cadeira de muitos acomodados, o melhor é exorcizá-los e nem sequer deixá-los chegar perto.
Seria importante para essas Instituições que as pessoas que têm a responsabilidade dos Recursos Humanos não tivessem medo de ousar e contratar os melhores, que na sua esmagadora maioria estão na actividade privada e não nos corredores dessas Instituições, aguardando as contínuas prebendas e outras vantagens, para no final obterem uma reforma de ouro sem que tivessem verdadeiramente contribuído com nada de importante.
O meu artigo de "Opinião" de hoje, no JORNAL ECONÓMICO

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/algoritmo-de-recrutamento-para-as-nacoes-unidas-e-suas-agencias-588963

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Algorithm of Recruitment to the United Nations and its Agencies

I worked for 30 years at High Level Management in two of the largest banks in the world, where only those who were competent, who cultivated ethics, rigor, honesty and trust arrived. They could never reach special management positions, who did not demonstrate a high level of performance and who shared the values ​​mentioned above. All of this contrasts sharply with the recruitment formula of the United Nations and its Agencies, for their Director Management positions. Putting ahead of everything the infamous "quotas" - represented, semi-represented and unrepresented countries - often end up not hiring the best, but on the contrary, they hire people with mediocre performance levels, in the name of the aforementioned "quotas" . I realize that an Institution that aims to profit is very different from another whose mission is quite different. However, both must be governed by competent hiring algorithms. Only experienced and competent people can (and should) make a difference. A word for the HR Managers of these Institutions: do not be afraid to dare and hire the best, who in the overwhelming majority of situations, are in private activity and not in the corridors of these Institutions, waiting for a golden reform.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

                                 SIC - 12.FEV.20 - O MEU COMENTÁRIO



O meu comentário no Programa da SIC - CONTAS POUPANÇA - 12.FEV.20 - sobre a obrigatoriedade dos Bancos enviarem o Extracto de Comissões na Conta á Ordem, todos os anos e a partir deste Janeiro passado. De acordo com o Jornal Oficial da União Europeia, de 11 de Janeiro de 2018 - L 6/36.

https://sicnoticias.pt/programas/contaspoupanca/2020-02-12-Sabe-quanto-e-que-paga-por-ano-ao-seu-banco-


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Portugal Parliament approves surplus-aimed budget bill in first reading

Portugal’s parliament approved the minority Socialist government’s draft 2020 budget in its first reading on Friday, setting the course for the first fiscal surplus in 45 years of democracy.

The bill was passed by 108-86 votes with 36 abstentions.

Only the Socialist bench voted yes, but that was enough to deliver the government’s first major win after Prime Minister Antonio Costa’s reelection in October and his decision not to renew an alliance with the far left.

The bill will now go to committees for further discussions and possible changes before a final vote scheduled for Feb. 6.

The highlight of the budget is an envisaged surplus of 0.2% of gross domestic product, providing an extra push to alleviate Portugal’s public debt burden, which fell from 130% during the 2011-2014 crisis to 118.9% in 2019 but remains one of the highest in the euro zone.

Measures include a reduction in company tax for small and medium-sized companies, income tax reductions for families with children up to three years old, and an injection of 800 million euros into the health service.
Responding to critics who doubt the government’s projections, such as steady economic growth of 1.9% this year amid a slowdown in Europe, Centeno defended them as realistic.
“Budgetary policy is not a betting house,” he said.

After years of tightening the purse strings in favor of restoring fiscal credibility, the bill reinforces public investment by 600 million euros to 1.35 billion euros - but for Portugal’s left-wing parties, this is a drop in the water.

“We know you prioritize the surplus, but it is the other ministers who bear the brunt of the train that’s not running, the school that doesn’t exist,” said lawmaker Mariana Mortagua from the Left Bloc party that was allied with the Socialists in their previous term, along with the Communist Party.

Still, Portugal’s left-leaning parties including the Left Bloc facilitated approval of the bill by abstaining. Only right-leaning parties voted against

“Portugal will finally stop living at the cost of taxes paid by future generations,” Finance Minister Mario Centeno told lawmakers before the vote, adding that the budget with a surplus would bring more stability and investment.