Algoritmo de recrutamento para as Nações Unidas e suas agências
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Em muitos casos, não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, as pessoas escolhidas não são as mais competentes nem criam valor para a posição em causa.
Trabalhei durante 30 anos no mais elevado nível de Direcção (Alta Direcção) em dois dos maiores bancos mundiais, onde apenas chegam os competentes, que cultivavam ética, rigor, honestidade e confiança. Nunca ninguém poderia alcançar cargos de gestão especiais sem demonstrar um alto nível de desempenho e sem compartilhar os valores mencionados acima.
Tudo isso contrasta fortemente com a fórmula de recrutamento das Nações Unidas, e das suas agências, para os seus cargos de Alta Direcção.
Colocando à frente de tudo as infames “quotas“ – países representados, semi-representados e não representados – geralmente acabam não contratando os melhores, mas, pelo contrário, contratam pessoas com níveis de desempenho medíocres, em nome das “quotas” já invocadas.
Percebo que uma instituição que visa o lucro é muito diferente de outra cuja missão é distinta. No entanto, ambas devem ser regidas por algoritmos de contratação competentes. Apenas pessoas experientes e competentes podem (e devem) fazer a diferença.
Se atentarmos a quem dirige ou representa Altos cargos nas Instituições das Nações Unidas, OCDE, Banco Mundial, OMS e quejandas, constatamos que são ex-primeiros-ministros, ministros, secretários de Estado, políticos e outros tais, que se arrastaram uma boa parte da vida pelos corredores bafientos do poder, e que não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes no “golpe de asa” para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, acabam por ser escolhidos em detrimento de quem é mais competente e que poderia criar valor na posição em causa.
Aliás, para quem anda atento a este tema, vê que a visão destas Instituições é algo parecida com a visão que o Partido Comunista tem das empresas e da sociedade em geral – o que é bom é o que se configura como público ou de Estado; tudo o que é privado compagina o Diabo que é preciso conjurar. Isto é, alguém do sector privado, com provas de competência dadas, visão estratégica estruturante, elevados níveis de experiência em criação de valor e com ideias reformadoras nunca poderá ter a veleidade de aspirar um cargo de Alta Direcção nessas Instituições. Estes cargos estão “reservados” para quem está dentro do aparelho e na roda gravitacional da promoção interna.
Veja-se que quem ocupa esses altos cargos, geralmente é de um país fortemente contribuinte líquido do sistema. Há casos em que tal não acontece, é verdade, mas esses são escassos e servem somente para mascarar o que é regra geral.
É inimaginável um “outsider” ousar pensar que um dia poderia (ao menos) estar presente numa shortlist destas Instituições. Quem está fora do aparelho destas Instituições representa uma “ameaça” para o establishment, porque sendo pessoas com ideias próprias, algumas até capazes de pôr em causa a cadeira de muitos acomodados, o melhor é exorcizá-los e nem sequer deixá-los chegar perto.
Seria importante para essas Instituições que as pessoas que têm a responsabilidade dos Recursos Humanos não tivessem medo de ousar e contratar os melhores, que na sua esmagadora maioria estão na actividade privada e não nos corredores dessas Instituições, aguardando as contínuas prebendas e outras vantagens, para no final obterem uma reforma de ouro sem que tivessem verdadeiramente contribuído com nada de importante.
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