sexta-feira, 15 de maio de 2020

Algoritmo de recrutamento para as Nações Unidas e suas agências

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PARTILHAS

Em muitos casos, não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, as pessoas escolhidas não são as mais competentes nem criam valor para a posição em causa.

Trabalhei durante 30 anos no mais elevado nível de Direcção (Alta Direcção) em dois dos maiores bancos mundiais, onde apenas chegam os competentes, que cultivavam ética, rigor, honestidade e confiança. Nunca ninguém poderia alcançar cargos de gestão especiais sem demonstrar um alto nível de desempenho e sem compartilhar os valores mencionados acima.
Tudo isso contrasta fortemente com a fórmula de recrutamento das Nações Unidas, e das suas agências, para os seus cargos de Alta Direcção.
Colocando à frente de tudo as infames quotas – países representados, semi-representados e não representados – geralmente acabam não contratando os melhores, mas, pelo contrário, contratam pessoas com níveis de desempenho medíocres, em nome das quotas” já invocadas.
Percebo que uma instituição que visa o lucro é muito diferente de outra cuja missão é distinta. No entanto, ambas devem ser regidas por algoritmos de contratação competentes. Apenas pessoas experientes e competentes podem (e devem) fazer a diferença.
Se atentarmos a quem dirige ou representa Altos cargos nas Instituições das Nações Unidas, OCDE, Banco Mundial, OMS e quejandas, constatamos que são ex-primeiros-ministros, ministros, secretários de Estado, políticos e outros tais, que se arrastaram uma boa parte da vida pelos corredores bafientos do poder, e que não tendo competências de gestão, nem outras que poderiam ser determinantes no golpe de asa” para uma visão estratégica de eficiência e eficácia, acabam por ser escolhidos em detrimento de quem é mais competente e que poderia criar valor na posição em causa.
Aliás, para quem anda atento a este tema, vê que a visão destas Instituições é algo parecida com a visão que o Partido Comunista tem das empresas e da sociedade em geral – o que é bom é o que se configura como público ou de Estado; tudo o que é privado compagina o Diabo que é preciso conjurar. Isto é, alguém do sector privado, com provas de competência dadas, visão estratégica estruturante, elevados níveis de experiência em criação de valor e com ideias reformadoras nunca poderá ter a veleidade de aspirar um cargo de Alta Direcção nessas Instituições. Estes cargos estão “reservados” para quem está dentro do aparelho e na roda gravitacional da promoção interna.
Veja-se que quem ocupa esses altos cargos, geralmente é de um país fortemente contribuinte líquido do sistema. Há casos em que tal não acontece, é verdade, mas esses são escassos e servem somente para mascarar o que é regra geral.
É inimaginável um “outsider” ousar pensar que um dia poderia (ao menos) estar presente numa shortlist destas Instituições. Quem está fora do aparelho destas Instituições representa uma “ameaça” para o establishment, porque sendo pessoas com ideias próprias, algumas até capazes de pôr em causa a cadeira de muitos acomodados, o melhor é exorcizá-los e nem sequer deixá-los chegar perto.
Seria importante para essas Instituições que as pessoas que têm a responsabilidade dos Recursos Humanos não tivessem medo de ousar e contratar os melhores, que na sua esmagadora maioria estão na actividade privada e não nos corredores dessas Instituições, aguardando as contínuas prebendas e outras vantagens, para no final obterem uma reforma de ouro sem que tivessem verdadeiramente contribuído com nada de importante.
O meu artigo de "Opinião" de hoje, no JORNAL ECONÓMICO

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/algoritmo-de-recrutamento-para-as-nacoes-unidas-e-suas-agencias-588963

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Algorithm of Recruitment to the United Nations and its Agencies

I worked for 30 years at High Level Management in two of the largest banks in the world, where only those who were competent, who cultivated ethics, rigor, honesty and trust arrived. They could never reach special management positions, who did not demonstrate a high level of performance and who shared the values ​​mentioned above. All of this contrasts sharply with the recruitment formula of the United Nations and its Agencies, for their Director Management positions. Putting ahead of everything the infamous "quotas" - represented, semi-represented and unrepresented countries - often end up not hiring the best, but on the contrary, they hire people with mediocre performance levels, in the name of the aforementioned "quotas" . I realize that an Institution that aims to profit is very different from another whose mission is quite different. However, both must be governed by competent hiring algorithms. Only experienced and competent people can (and should) make a difference. A word for the HR Managers of these Institutions: do not be afraid to dare and hire the best, who in the overwhelming majority of situations, are in private activity and not in the corridors of these Institutions, waiting for a golden reform.