sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PROFILAXIA DO ENDIVIDAMENTO - UMA PROPOSTA

O fenómeno do Endividamento das Famílias é relativamente recente.


Estamos a falar do seu início em meados da década de 90, com a aposta em massa que as Instituições Financeiras fizeram no Crédito Hipotecário (Habitação). Depois e por arrasto, ou como as Instituições Financeiras muito gostam de referir – por “cross-seling” – aparecem todos os outros créditos conhecidos – Crédito Pessoal, Cartão de Crédito, Crédito Automóvel, Conta-Ordenado, Leasing, ALD, etc.

Sendo o Endividamento relativamente recente e ainda não consolidado, é natural que até essa fase, passe pelas “dores de parto” que todas as situações não consolidadas acabam por sofrer.

Aqui essas “dores de parto” referem-se, obviamente, à falta de sensibilidade por parte dos cidadãos que num certo e determinado momento resolvem endividar-se e às consequências nefastas que se têm pulverizado sobre muitas famílias.

Uma situação de Endividamento mal calculada ou pura e simplesmente não calculada, tem uma grande hipótese de entrar em incumprimento contratual e a partir daí, arrastar o agregado familiar para verdadeiros dramas sociais.

Numa situação que compagina e configura tamanha perigosidade, é confrangedor ver o Estado de braços cruzados.

Compete ao Estado aprovisionar uma estratégia e depois colocá-la no terreno, de forma a informar os cidadãos e a estabelecer uma relação profiláctica relativamente ao nível de exposição creditícia que cada um pode suportar, em função da dimensão dos rendimentos disponíveis do agregado familiar.

De facto, todos temos capacidade de nos endividar, só que essa capacidade difere de cidadão para cidadão. E é justamente a medida desta capacidade, bem com as folgas e almofadas de segurança, que muitos cidadãos não conseguem calcular e que para tal necessitam da ajuda que o Estado não dá.

E como já há muito que venho alertando, seria tão fácil o Estado actuar. Bastaria o Ministério da Economia, com um Instituto do Consumidor dinâmico, estrategicamente competente nesta área e eficiente, para se chegar a todo o país com a ajuda à decisão de Endividamento.

Estou certo, que caso esta situação há muito existisse, não assistiríamos (e iremos continuar a assistir), a verdadeiros dramas sociais, com famílias e auto-estimas destruídas e com acções judiciais e penhoras à mistura.

Em meu entender e como “expert” nesta área, a solução da profilaxia do Endividamento passará na sua grande extensão, pela sensibilização que as Autarquias Locais – Câmaras Municipais e Juntas – poderão fazer junto dos seus munícipes. A abertura, uma vez por semana (um dia ou uma parte do mesmo), de um balcão para esclarecimento de dúvidas dos cidadãos, relativamente aos que se querem endividar e àqueles que já se encontrando endividados, ajudando a encontrar um caminho em que o serviço da dívida, seja mais leve.

Para tanto, só é necessário existir vontade dos nossos Autarcas para dinamizar a estratégia aqui proposta.

Acredito que tal iniciativa, além de ser muito bem recebida pelos cidadãos, iria atingir os seus objectivos, evitando exposições mal calculadas bem como todos os dramas anteriormente referenciados.

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