O Boletim Estatístico do Banco de Portugal, de ontem revelou-nos que os montantes de Crédito de Cobrança Duvidosa de Particulares, tinham caído 7,24% face ao mês anterior (Novembro) e o mesmo tipo de Crédito, mas para Empresas tinha caído também 23,69%.
Nada de mais falacioso!
Mas então o que se passou?
É sabido, que estas movimentações por parte das Instituições Financeiras são cíclicas, isto é, no final de cada ano, todas as Instituições Financeiras compõem os seus Balanços, sobretudo abatendo activos malparados e passando-os para “write-offs”, que é como quem diz, para fora do Balanço.
Ao longo do tempo que o Banco de Portugal permite, as Instituições credoras vão criando provisões para os activos em incumprimento contratual. Uma vez constituída a totalidade da provisão, espera-se o “timing” adequado para a sua utilização. Ao ser utilizada, limpa do Balanço esses activos, em contra-partida desses resultados que saem da conta de exploração da Instituição.
Portanto, o que se costuma passar em Dezembro de cada ano, é a escolha do tal “timing” para compor o Balanço. Depois, existe ainda um outro passo nesta movimentação, que é a venda de carteiras de “write-offs” ou falidos, a instituições que se dedicam à recuperação de crédito e que possuem suficiente músculo financeiro de suporte. Por esta venda, as Instituições Financeiras acabam por fazer mais um encaixe que entra directamente na sua Conta de Exploração, como resultados extraordinários do exercício – nem tudo é perda!
Portanto, e passado este atípico mês de Dezembro, tudo irá voltar à “normalidade”. O mesmo é dizer, que no próximo Boletim Estatístico, lá estará e de novo o Crédito de Cobrança Duvidosa a crescer, quer seja na sua vertente Particulares ou Empresas.
E esta dinâmica, infelizmente, irá continuar.
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