A
PRAGA DAS COMISSÔES BANCÁRIAS
A
actividade nobre da Banca sempre foi a intermediação financeira – transformação
do passivo captado (depósitos) em activo (crédito concedido a clientes).
Até
há cerca de 15 anos, a Margem Financeira (MF) – (Juros e rendimentos similares
– Juros e encargos similares), o Produto Bancário (PB) e a pouca expressão das
Provisões para crédito vencido e imparidades, eram mais que suficientes para
cobrir os Custos de Transformação e a Banca poder apresentar Resultados Liquidos
altamente positivos.
Mas
este paradigma veio a alterar-se desde então.
Margem
Financeira a estreitar-se cada vez mais, e particularmente a partir de 2009 e
com a crise que se abateu sobre a economia portuguesa, com Provisões para
crédito vencido (de cobrança duvidosa) e imparidades a registarem uma subida
exponencial, a Banca na sua generalidade começou a entrar em grandes
dificuldades, sublinhando o “período da
crise”, no qual alguns bancos tiveram que se recapitalizar, por forma a
poderem cumprir com os rácios de solvabilidade impostos pelo Banco Central
Europeu (BCE) e pelo regulador interno. Para agravar ainda mais a situação
financeira da Banca, os valores negativos há muito registados pelo seu
principal indexante nos créditos concedidos – Euribor (em todos os prazos).
Perante
este conjunto de dificuldades anteriormente referenciadas, a Banca escolheu o
caminho mais fácil – atirar despudoradamente para cima dos seus clientes,
comissões por tudo e por nada !
O
negócio bancário mudou !
O
tráfego nos balcões diminuiu de forma geométrica porque assim os bancos o
quiseram, ao lançar aplicações que permitem aos seus clientes resolver (quase)
todas as suas relações com o seu banco a partir de qualquer lugar e durante as
24h do dia. Desta forma, a banca liberta recursos que poderão ser utilizados de
forma mais eficiente na sua estratégia, se bem, que na sua esmagadora maioria a
banca tenha seguido o caminho das reformas antecipadas, rescisões de contratos
e não renovação daqueles que se encontravam com prazo fixo, diminuindo assim os
seus custos, e não seguindo um caminho de reafectação.
Mas,
estas medidas não foram e não são suficientes, pelo que é necessário “inventar” comissões, para ajudar a
inverter a natureza de Resultados Liquidos negativos para positivos. É o
caminho mais fácil, pois então. E o cliente não tem forma de escapar a esta
voracidade ! Porque toda a banca está nesta dinâmica avassaladora das comissões
desenfreadas.
Não
podemos perder de vista que os Depósitos a Prazo (DP) há muito que deixaram de
pagar qualquer taxa de juro, mas em contrapartida, quem quiser fazer um Crédito
ao Consumo ou para Outras Finalidades, fácilmente pagará 6 ou 7%. Anacronismo –
a banca não paga nos DP mas recebe (e bem) nos seus financiamentos.
A
DECO entregou no passado mês de Julho, uma petição na Assembleia da República,
contra as comissões bancárias injustificadas. Como exemplo de comissões que
nunca o deveriam ser, temos: comissão de manutenção de conta, comissões de
processamento de créditos (habitação, consumo, leasing, ALD, etc).
O
negócio bancário mudou, mas a banca não soube procurar um novo modelo que não
penalize despudoradamente os seus clientes. Está a faltar visão estratégica de
mudança.
Estamos
num período de taxas históricametne baixas, mas mesmo perante esta situação de
margens muito estreitas, a banca continua a insistir na concessão de crédito
com matrizes de aceitação de novos riscos, muito larga. Se essa “subtileza” não fará muito rombo nos
créditos de curto prazo e de montantes relativamente baixos, já o mesmo não se
poderá dizer de um crédito á habitação, não só pelo seu dilatado prazo, mas
também pelo seu montante.
E
para fazer face ao mais que previsivel aumento das Provisões, há que criar
novas Comissões e carregar naquelas já existentes.
Tem
a palavra a Assembleia da República !
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