segunda-feira, 28 de novembro de 2016


A VERGONHA DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

Finalmente!

A decisão da demissão da Administração chegou. Chegou tarde. Muito tarde.

Desde o início que todo este processo estava inquinado, e a Administração nunca percebeu que não tinha condições para aceitar.

A partir do momento que o Banco Central Europeu (BCE), mandou de volta à Escola alguns dos seus Administradores, que se percebeu que o objectivo nunca iria chegar a bom porto.

Tratou-se de um vexame! Um vexame na sua conjugação mais absoluta!

Todos temos a nossa dignidade. Ora, quando uma entidade externa (BCE) não reconhece em alguns Administradores competências na área da gestão de risco e os manda de volta à Escola para aprender a modelização, o que tinham a fazer (em defesa dessa dignidade) era não aceitar e passar a bola a outros, cujas competências fossem reconhecidas pelo regulador Europeu.

Penso, porém, que esta lacuna não deverá ser só destes, mas sim de todas as administrações da banca em Portugal.

Perguntem aos Administradores da banca portuguesa se sabem o que é o Modelo CAPM ou o APT. Para que servem. Para ficar só por aqui.

A falta de competências erradica numa licenciatura tirada há muitos anos (para quem a tem, porque o que não deve faltar por aí, são indivíduos com altas responsabilidades na banca com cursos secundários), sem qualquer refrescamento pelo meio. Sobretudo, na área da gestão do risco de crédito e na gestão de activos financeiros, com as respectivas modelizações.

Por tudo isto, sempre tive para mim, que a vida era curta. Aliás, como se veio a comprovar.

A questão da apresentação ou não das declarações de rendimentos, foi o bode expiatório duma situação que logo à nascença se percebeu que era um nado-morto. Não se percebeu, isso sim, porque demorou tanto tempo a conhecer-se o último episódio da saga!

A culpa tem de ser repartida pelo Governo e particularmente, pelo ministro das finanças.

Então vão convidar pessoas que não têm as competências requeridas pelo BCE? E depois, esperam a demissão?

Acaso não perceberam, que todo este tempo foi altamente pernicioso para uma CGD já de si com problemas graves, e que só se agudizaram?

A CGD tem vindo a perder valor desde o início do ano. Os clientes começam a ficar com dúvidas (muitas) e a fidúcia está, a cada dia que passa, a esboroar-se, pela inaptidão de quem tem a responsabilidade de criar uma situação de estabilidade na CGD e não teve essa inteligência.

O tempo urge!

Que seja nomeado ainda esta semana, um novo elenco, mas que tenham o cuidado de perceber, se convidam quem tem competências requeridas, não pelo regulador Europeu, mas pelo negócio que a CGD necessita fazer, óbviamente correndo riscos, mas devidamente calculados e acautelados, é para isso que os modelos servem.

Passar muitos anos na banca, não é sinónimo de competência!

Competência é fazer, saber fazer e bem.

Óbviamente que se tem que saber do negócio, mas importante também é saber “gerir” o mesmo, e ter as ferramentas adequadas e essas aprendem-se na Escola e não nos muitos anos de “tarimba cabouqueira” que parece por aí haver muita!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

VARIAÇÕES HOMÓLOGAS
 HOMOLOGOUS CHANGE
 
Empréstimos de Outras Instituições Financeiras Monetárias a Particulares  
Loans of Other Monetary Financial Institutions to Private Individuals  
          Milhões de Euros
    Millions of Euros
Crédito   Concedido            Cobrança Duvidosa
Banking Credit            Installment Credit          Uncertain Collection
Habitação SET.15 99.571     2.557  
Mortgage SET.16 95.792 -3,80%   2.606 1,92%
Consumo SET.15 11.946     1.262  
Consumption SET.16 12.986 8,71%   968 -23,30%
Outros Fins SET.15 9.649     1.539  
Another Finality SET.16 9.172 -4,94%   1.438 -6,56%
Total SET.15 121.166     5.358  
Total SET.16 117.950 -2,65%   5.012 -6,46%
   
Fonte: Boletim Estatístico do Banco de Portugal    
Source: Portugal Central Bank
VARIAÇÕES HOMÓLOGAS
 HOMOLOGOUS CHANGE
Empréstimos de Outras Instituições Financeiras Monetárias a Empresas Não Financeiras
Loans of Other Monetary Financial Institutions to Non-Financial Corporations
          Milhões de Euros
    Millions of Euros
  Crédito Concedido     Cobrança Duvidosa
                              Installment Credit            Uncertain Collection
  SET.15 83.720   13.611  
  SET.16 78.478 -6,26%   12.772 -6,16%
Fonte: Boletim Estatístico do Banco de Portugal
Source: Portugal Central Bank

quarta-feira, 2 de novembro de 2016


CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS – a parte de que ninguém fala!

Nos últimos dias, muito se tem falado sobre a CGD – Caixa Geral de Depósitos.

Primeiro, foi a condição deplorável a que chegaram todos os seus rácios e resultados, ou pelo menos aqueles mais importantes, para uma avaliação técnica consequente – “stackholders”, “shareholder” e Regulador (BCE).

Depois, foi o impasse na nomeação da nova Administração, ficando o Banco do Estado quase 6 meses à deriva.

Agora, é a questão dos salários dos seus Administradores, particularmente para o seu presidente, e a recusa deste em apresentar a declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, conforme o preceituado para todos os titulares de cargos públicos relevantes.

Não me vou aqui deter e opinar, sobre o que anteriormente referi, sendo que haveria muito para contar – tal como a Nau Catrineta.

Não!

Vou, outro sim, focar-me numa outra dimensão de que ninguém fala.

Todos sabemos que não se nasce Director nem Administrador de nada!

É a experiência ganhada ao longo do tempo, a maturidade para tomar as melhores decisões, a inteligência e a argúcia com que se entende o negócio, que poderá fazer a diferença entre indivíduos e fazer com que uns avancem e outros fiquem irremediavelmente para trás.

Directores e Administradores não se fabricam – é o tempo, a capacidade de evolução de cada um, que os distingue e os pode levar a cargos de elevada ou máxima responsabilidade.

Falo, com a mais superlativa legitimidade, do alto da minha experiência bancária de 30 anos, 20 dos quais passados na Alta Direcção do banco mais sólido da Zona Euro.

Assisti, à regeneração dos vários presidentes da Comissão Executiva do banco onde trabalhei, sempre por recurso a directores internos. Sempre assim foi e continua a ser.

Ora, aqui entronca a parte de que ninguém fala sobre a CGD.

Será possível que ao longo do tempo, a Caixa não tenha nos seus quadros directivos, pessoas suficientemente qualificadas e experientes, para serem promovidos á Administração e Comissão Executiva do Banco?

Se sim, não se entende porque razão o accionista Estado, foi convidar “estranhos” para esse papel.

Se não, então a Caixa está muito pior do que aquilo que todos nós pensamos.

Qualquer Instituição ou Empresa, ter-se-á sempre que regenerar a partir de dentro. Naqueles que conhecem a empresa.

Ir ao mercado e contratar outros, apresenta sempre muito mais desvantagens do que convenientes.

Os actuais Administradores da Caixa, não nasceram Administradores. Entraram possivelmente para o nível 3 ou 4, e a partir daí foram ganhando posições, até chegar ao topo.

O mesmo acontece com todos!

Parece mesmo, que tal só não acontece, com os colaboradores da Caixa. Cujo “principio de Peter”, aparentemente, não os deixa ir mais além do que cargos de Direcção.

Confrangedor para o accionista Estado, que se demitiu da promoção de competências, por forma não só a garantir sucessões tranquilas, mas até a poder formar quadros – Escola CGD -, que poderiam ser “exportados” para outras Instituições, fazendo o percurso inverso deste que agora assistimos.