CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS
– a parte de que ninguém fala!
Nos
últimos dias, muito se tem falado sobre a CGD – Caixa Geral de Depósitos.
Primeiro,
foi a condição deplorável a que chegaram todos os seus rácios e resultados, ou
pelo menos aqueles mais importantes, para uma avaliação técnica consequente – “stackholders”, “shareholder” e Regulador (BCE).
Depois,
foi o impasse na nomeação da nova Administração, ficando o Banco do Estado
quase 6 meses à deriva.
Agora,
é a questão dos salários dos seus Administradores, particularmente para o seu
presidente, e a recusa deste em apresentar a declaração de rendimentos no
Tribunal Constitucional, conforme o preceituado para todos os titulares de cargos
públicos relevantes.
Não
me vou aqui deter e opinar, sobre o que anteriormente referi, sendo que haveria
muito para contar – tal como a Nau Catrineta.
Não!
Vou,
outro sim, focar-me numa outra dimensão de que ninguém fala.
Todos
sabemos que não se nasce Director nem Administrador de nada!
É
a experiência ganhada ao longo do tempo, a maturidade para tomar as melhores
decisões, a inteligência e a argúcia com que se entende o negócio, que poderá
fazer a diferença entre indivíduos e fazer com que uns avancem e outros fiquem
irremediavelmente para trás.
Directores
e Administradores não se fabricam – é o tempo, a capacidade de evolução de cada
um, que os distingue e os pode levar a cargos de elevada ou máxima responsabilidade.
Falo, com a mais superlativa legitimidade,
do alto da minha experiência bancária de 30 anos, 20 dos quais passados na Alta
Direcção do banco mais sólido da Zona Euro.
Assisti,
à regeneração dos vários presidentes da Comissão Executiva do banco onde
trabalhei, sempre por recurso a directores internos. Sempre assim foi e
continua a ser.
Ora,
aqui entronca a parte de que ninguém fala sobre a CGD.
Será
possível que ao longo do tempo, a Caixa não tenha nos seus quadros directivos,
pessoas suficientemente qualificadas e experientes, para serem promovidos á
Administração e Comissão Executiva do Banco?
Se
sim, não se entende porque razão o accionista Estado, foi convidar “estranhos” para esse papel.
Se
não, então a Caixa está muito pior do que aquilo que todos nós pensamos.
Qualquer
Instituição ou Empresa, ter-se-á sempre que regenerar a partir de dentro. Naqueles
que conhecem a empresa.
Ir
ao mercado e contratar outros, apresenta sempre muito mais desvantagens do que
convenientes.
Os
actuais Administradores da Caixa, não nasceram Administradores. Entraram
possivelmente para o nível 3 ou 4, e a partir daí foram ganhando posições, até
chegar ao topo.
O
mesmo acontece com todos!
Parece
mesmo, que tal só não acontece, com os colaboradores da Caixa. Cujo “principio de Peter”, aparentemente, não
os deixa ir mais além do que cargos de Direcção.
Confrangedor
para o accionista Estado, que se demitiu da promoção de competências, por forma
não só a garantir sucessões tranquilas, mas até a poder formar quadros – Escola
CGD -, que poderiam ser “exportados”
para outras Instituições, fazendo o percurso inverso deste que agora
assistimos.
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