quarta-feira, 2 de novembro de 2016


CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS – a parte de que ninguém fala!

Nos últimos dias, muito se tem falado sobre a CGD – Caixa Geral de Depósitos.

Primeiro, foi a condição deplorável a que chegaram todos os seus rácios e resultados, ou pelo menos aqueles mais importantes, para uma avaliação técnica consequente – “stackholders”, “shareholder” e Regulador (BCE).

Depois, foi o impasse na nomeação da nova Administração, ficando o Banco do Estado quase 6 meses à deriva.

Agora, é a questão dos salários dos seus Administradores, particularmente para o seu presidente, e a recusa deste em apresentar a declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, conforme o preceituado para todos os titulares de cargos públicos relevantes.

Não me vou aqui deter e opinar, sobre o que anteriormente referi, sendo que haveria muito para contar – tal como a Nau Catrineta.

Não!

Vou, outro sim, focar-me numa outra dimensão de que ninguém fala.

Todos sabemos que não se nasce Director nem Administrador de nada!

É a experiência ganhada ao longo do tempo, a maturidade para tomar as melhores decisões, a inteligência e a argúcia com que se entende o negócio, que poderá fazer a diferença entre indivíduos e fazer com que uns avancem e outros fiquem irremediavelmente para trás.

Directores e Administradores não se fabricam – é o tempo, a capacidade de evolução de cada um, que os distingue e os pode levar a cargos de elevada ou máxima responsabilidade.

Falo, com a mais superlativa legitimidade, do alto da minha experiência bancária de 30 anos, 20 dos quais passados na Alta Direcção do banco mais sólido da Zona Euro.

Assisti, à regeneração dos vários presidentes da Comissão Executiva do banco onde trabalhei, sempre por recurso a directores internos. Sempre assim foi e continua a ser.

Ora, aqui entronca a parte de que ninguém fala sobre a CGD.

Será possível que ao longo do tempo, a Caixa não tenha nos seus quadros directivos, pessoas suficientemente qualificadas e experientes, para serem promovidos á Administração e Comissão Executiva do Banco?

Se sim, não se entende porque razão o accionista Estado, foi convidar “estranhos” para esse papel.

Se não, então a Caixa está muito pior do que aquilo que todos nós pensamos.

Qualquer Instituição ou Empresa, ter-se-á sempre que regenerar a partir de dentro. Naqueles que conhecem a empresa.

Ir ao mercado e contratar outros, apresenta sempre muito mais desvantagens do que convenientes.

Os actuais Administradores da Caixa, não nasceram Administradores. Entraram possivelmente para o nível 3 ou 4, e a partir daí foram ganhando posições, até chegar ao topo.

O mesmo acontece com todos!

Parece mesmo, que tal só não acontece, com os colaboradores da Caixa. Cujo “principio de Peter”, aparentemente, não os deixa ir mais além do que cargos de Direcção.

Confrangedor para o accionista Estado, que se demitiu da promoção de competências, por forma não só a garantir sucessões tranquilas, mas até a poder formar quadros – Escola CGD -, que poderiam ser “exportados” para outras Instituições, fazendo o percurso inverso deste que agora assistimos.

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário