O Boletim Estatístico do Banco de Portugal saído esta semana, não deixa qualquer dúvida – o Crédito de Cobrança Duvidosa, vulgarmente apelidado de Crédito Malparado continua a crescer.
Apesar de a concessão de crédito nas suas variantes Consumo e Outras Finalidades ter vindo a cair nos últimos 3 meses, a verdade é que o Crédito de Cobrança Duvidosa, nestas mesmas rubricas tem vindo a aumentar.
A desaceleração da concessão de crédito nestas duas variantes de Crédito a Particulares, está directamente relacionado com duas variáveis: a escassez de crédito nos mercados internacionais interligado ao crescente aumento do seu preço e, por outro lado, a inexistência de garantias reais para as entidades credoras, no caso de um incumprimento contratual.
No entanto, e se olharmos o comportamento do crédito concedido para compra de Habitação, verificamos, que apesar de tudo, vem registando crescimentos, muito ténues, é certo, mas vem crescendo. Este crescimento é explicado em grande parte pela garantia real que lhe está associada e que deixa as instituições credoras mais confortadas.
Assim, e em termos gerais, temos que em Agosto o Crédito Total Concedido a Particulares aumentou 0,12% e o Crédito de Cobrança Duvidosa ou Malparado, aumentou 0,59%, com particular realce para o incremento registado no Consumo e Outras Finalidades – 2,36%.
Também gostaria de deixar aqui bem claro, o enviesamento do modelo de crescimento da economia portuguesa, que há uma meia dúzia de anos inverteu o que deveria ser a dinâmica do crescimento económico sustentado, isto é, o Crédito Concedido às Empresas não Financeiras continua a ser bem menor do que aquele concedido a Particulares. Em Agosto, enquanto que o Crédito Concedido a Particulares se situava nos 140.658 mil milhões de Euros, o Crédito Concedido a Empresas não Financeiras quedava-se pelos 117.596 mil milhões de Euros.
Mais um sintoma de que a economia portuguesa há muito que não se encontra bem.
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