Imigração em Portugal: quando não há criação de valor
económico
"Ser imigrante é saber entrar na casa do
outro sem alterar a cena, e acolher o imigrante é receber o parente que veio de
longe."
Nos últimos anos, Portugal tem
assistido a um crescimento significativo da imigração. De Lisboa ao Porto, de
Setúbal ao Algarve, a diversidade cultural tornou-se parte do quotidiano.
Contudo, importa refletir sobre uma questão sensível e, muitas vezes, evitada
no debate público: o impacto daqueles que, por diversas razões, não geram valor
direto para a economia nacional.
É essencial começar por reconhecer
que muitos imigrantes desempenham papéis fundamentais em setores-chave como a
agricultura, a construção civil, a hotelaria e os cuidados a idosos. Sem eles,
partes significativas da nossa economia estariam em sérias dificuldades. No
entanto, há uma realidade que não pode ser ignorada: existem
também fluxos migratórios que resultam numa pressão excessiva sobre os serviços
públicos, sem contrapartida em produtividade ou contribuição fiscal.
Alguns imigrantes chegam a Portugal
sem qualificações, sem domínio da língua, e acabam por viver de apoios sociais
durante longos períodos. Em certos casos, há redes de imigração ilegal e
exploração que colocam pessoas em situação de vulnerabilidade, mas também há
quem se instale sem qualquer intenção de integração ou esforço para contribuir.
Numa economia frágil como a portuguesa, com serviços públicos frequentemente
sobrecarregados e salários baixos, este cenário levanta questões legítimas.
Além disso, a presença de
imigrantes em situação irregular ou sem ocupação útil tende a aumentar o
trabalho informal, pressionando o mercado laboral para baixo e criando
desigualdades. Isto pode gerar ressentimento nas comunidades locais e alimentar
discursos populistas e xenófobos — que devem ser combatidos, mas cuja origem
não pode ser ignorada.
Claro está, que a responsabilidade não deve recair apenas sobre os indivíduos,
mas sim sobre o Estado e as suas políticas migratórias. Portugal precisa de um
sistema mais rigoroso na triagem de entradas, no incentivo à integração, no
ensino da língua, e na valorização das competências. Imigrar não deve ser
apenas um direito, mas também um compromisso mútuo: quem chega deve estar
disposto a contribuir e a integrar-se naquilo que é a nossa cultura, em tudo o
que este conceito encerra; quem acolhe deve garantir condições para que isso
seja possível.
Defender uma imigração responsável
e com critérios claros não é xenofobia, é realismo. A solidariedade não
exclui a racionalidade económica. E o futuro de Portugal — envelhecido, com
défice de mão-de-obra — depende de sabermos encontrar esse equilíbrio entre
acolhimento e exigência.
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