quinta-feira, 21 de agosto de 2025

 

Imigração em Portugal: quando não há criação de valor económico

 

"Ser imigrante é saber entrar na casa do outro sem alterar a cena, e acolher o imigrante é receber o parente que veio de longe."

Nos últimos anos, Portugal tem assistido a um crescimento significativo da imigração. De Lisboa ao Porto, de Setúbal ao Algarve, a diversidade cultural tornou-se parte do quotidiano. Contudo, importa refletir sobre uma questão sensível e, muitas vezes, evitada no debate público: o impacto daqueles que, por diversas razões, não geram valor direto para a economia nacional.

É essencial começar por reconhecer que muitos imigrantes desempenham papéis fundamentais em setores-chave como a agricultura, a construção civil, a hotelaria e os cuidados a idosos. Sem eles, partes significativas da nossa economia estariam em sérias dificuldades. No entanto, há uma realidade que não pode ser ignorada: existem também fluxos migratórios que resultam numa pressão excessiva sobre os serviços públicos, sem contrapartida em produtividade ou contribuição fiscal.

Alguns imigrantes chegam a Portugal sem qualificações, sem domínio da língua, e acabam por viver de apoios sociais durante longos períodos. Em certos casos, há redes de imigração ilegal e exploração que colocam pessoas em situação de vulnerabilidade, mas também há quem se instale sem qualquer intenção de integração ou esforço para contribuir. Numa economia frágil como a portuguesa, com serviços públicos frequentemente sobrecarregados e salários baixos, este cenário levanta questões legítimas.

Além disso, a presença de imigrantes em situação irregular ou sem ocupação útil tende a aumentar o trabalho informal, pressionando o mercado laboral para baixo e criando desigualdades. Isto pode gerar ressentimento nas comunidades locais e alimentar discursos populistas e xenófobos — que devem ser combatidos, mas cuja origem não pode ser ignorada.

Claro está, que a responsabilidade não deve recair apenas sobre os indivíduos, mas sim sobre o Estado e as suas políticas migratórias. Portugal precisa de um sistema mais rigoroso na triagem de entradas, no incentivo à integração, no ensino da língua, e na valorização das competências. Imigrar não deve ser apenas um direito, mas também um compromisso mútuo: quem chega deve estar disposto a contribuir e a integrar-se naquilo que é a nossa cultura, em tudo o que este conceito encerra; quem acolhe deve garantir condições para que isso seja possível.

Defender uma imigração responsável e com critérios claros não é xenofobia, é realismo. A solidariedade não exclui a racionalidade económica. E o futuro de Portugal — envelhecido, com défice de mão-de-obra — depende de sabermos encontrar esse equilíbrio entre acolhimento e exigência.

 

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