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segunda-feira, 30 de maio de 2011
RENEGOCIAÇÃO
Artigo de Opinião do autor.
Diário Económico - 30/MAI/11
Já fiz este comentário ao artigo quando ele foi publicado no Diário Económico. Vou agora mandá-lo para si porque discordo inteiramente das suas afirmações relativamente às privatizações. Infelizmente, estas questões raramente são discutidas de forma séria na Comunicação Social. 1º Nesta altura, a privatização de empresas dificilmente conseguirá obter encaixes financeiros significativos sendo o cenário mais provável a venda dessas empresas por valores muito baixos. Além disso, o Estado perderá os dividendos das empresas que são lucrativas (Como os Correios, por exemplo). 2º A privatização de uma empresa não significará necessariamente que o Estado deixe de ter encargos com essa empresa. Por exemplo, será o caso da privatização da Carris. A Fertagus e a Vimeca são empresas privadas com as quais o Estado tem encargos financeiros consideráveis. 3º A privatização de uma empresa não significa que essa empresa venha a ter uma gestão mais eficiente e muito menos com uma visão estratégica. Pelo contrário, o mais provável é que venha a ter uma gestão orientada para o lucro rápido, sem nenhuma visão estratégica, com o objectivo de remunerar os seus accionistas. Um exemplo foi o que aconteceu no Reino Unido com os comboios. Após a privatização da empresa de caminhos-de-ferro, o Estado teve que gastar milhões para garantir a segurança das linhas porque a empresa descurou os aspectos relativos á segurança dado que só estava preocupada com o lucro. 4º Quanto ao estado regulador versus interventor, deixo no ar uma pergunta: Como é que o Estado pode ser um bom regulador se é um mau interventor, ainda para mais sendo a regulação uma actividade pela sua natureza extremamente difícil de realizar? Se até nos Estados Unidos as entidades reguladoras falharam em toda a linha mesmo quando receberam denúncias específicas, vamos agora acreditar que em Portugal o Estado pode ser um bom regulador? Vejamos o caso dos Correios. Não é preciso ser bruxo para perceber o que vai acontecer após a privatização da empresa. O Estado só vai perder dinheiro porque: - Os dividendos vão à vida, subsistindo apenas os impostos (IRC) aos quais a empresa tudo fará para fugir o mais que puder; - A empresa que tomar conta dos Correios vai despedir milhares de pessoas o que significa menos receitas de impostos e mais despesas em subsídios de desemprego; - Essa empresa vais querer fechar estações que não são rentáveis o que vai obrigar as populações a grandes deslocações o que, não sendo grave nas grandes cidades, vais ser problemático nas regiões do interior. Mas dir-me-á que aquando da privatização, o Estado poderá fazer determinadas exigências quanto, por exemplo, à questão do fecho das estações. Pois é, mas se as fizer, terá de compensar a empresa, ou seja, isso significa mais despesas para o erário público. Concluindo, diria o seguinte: privatizações e parcerias público-privadas significam que o Estado fica com os ossos e os privados com a carne.
Já fiz este comentário ao artigo quando ele foi publicado no Diário Económico. Vou agora mandá-lo para si porque discordo inteiramente das suas afirmações relativamente às privatizações. Infelizmente, estas questões raramente são discutidas de forma séria na Comunicação Social.
ResponderEliminar1º Nesta altura, a privatização de empresas dificilmente conseguirá obter encaixes financeiros significativos sendo o cenário mais provável a venda dessas empresas por valores muito baixos. Além disso, o Estado perderá os dividendos das empresas que são lucrativas (Como os Correios, por exemplo).
2º A privatização de uma empresa não significará necessariamente que o Estado deixe de ter encargos com essa empresa. Por exemplo, será o caso da privatização da Carris. A Fertagus e a Vimeca são empresas privadas com as quais o Estado tem encargos financeiros consideráveis.
3º A privatização de uma empresa não significa que essa empresa venha a ter uma gestão mais eficiente e muito menos com uma visão estratégica. Pelo contrário, o mais provável é que venha a ter uma gestão orientada para o lucro rápido, sem nenhuma visão estratégica, com o objectivo de remunerar os seus accionistas. Um exemplo foi o que aconteceu no Reino Unido com os comboios. Após a privatização da empresa de caminhos-de-ferro, o Estado teve que gastar milhões para garantir a segurança das linhas porque a empresa descurou os aspectos relativos á segurança dado que só estava preocupada com o lucro.
4º Quanto ao estado regulador versus interventor, deixo no ar uma pergunta: Como é que o Estado pode ser um bom regulador se é um mau interventor, ainda para mais sendo a regulação uma actividade pela sua natureza extremamente difícil de realizar? Se até nos Estados Unidos as entidades reguladoras falharam em toda a linha mesmo quando receberam denúncias específicas, vamos agora acreditar que em Portugal o Estado pode ser um bom regulador?
Vejamos o caso dos Correios. Não é preciso ser bruxo para perceber o que vai acontecer após a privatização da empresa. O Estado só vai perder dinheiro porque:
- Os dividendos vão à vida, subsistindo apenas os impostos (IRC) aos quais a empresa tudo fará para fugir o mais que puder;
- A empresa que tomar conta dos Correios vai despedir milhares de pessoas o que significa menos receitas de impostos e mais despesas em subsídios de desemprego;
- Essa empresa vais querer fechar estações que não são rentáveis o que vai obrigar as populações a grandes deslocações o que, não sendo grave nas grandes cidades, vais ser problemático nas regiões do interior.
Mas dir-me-á que aquando da privatização, o Estado poderá fazer determinadas exigências quanto, por exemplo, à questão do fecho das estações. Pois é, mas se as fizer, terá de compensar a empresa, ou seja, isso significa mais despesas para o erário público.
Concluindo, diria o seguinte: privatizações e parcerias público-privadas significam que o Estado fica com os ossos e os privados com a carne.