A
PORTA É ESTREITA E O CAMINHO APERTADO
Portugal
tem pela frente um caminho íngreme, árduo e muito, muito difícil de percorrer.
As
razões pelas quais aqui chegámos, são do conhecimento de todos.No
entanto, o que mais me preocupa, é que se tantos sacrifícios pelos quais
estamos a passar, valerão a pena.
Sou
dos que acredita que a nossa dívida é insustentável!
Quando
esta se situa acima dos 130% do PIB português, só com taxas de crescimento da
riqueza nacional bem acima dos 3%, seria possível gerar receitas fiscais, que
conseguissem pagar o serviço dessa mesma dívida (amortização de capital +
juros). Se olharmos para a UE e neste momento, as taxas de crescimento (para
aqueles países que não estão em recessão), são pouco mais que residuais. Desde já,
não se compagina nem se configura realisticamente aceitável, que a nossa
riqueza vá crescer nos próximos 15 anos, a taxas médias superiores a 2,5% - 3%
- o que de facto é insuficiente para pagar os financiamentos que contraímos.
Como
nestas situações nunca existiram “milagres”,
tenho para mim que a solução é só uma – renegociar a nossa dívida! Passo a
explicar.
Faço
aqui um paralelismo com o que acontece no plano da Banca, quando esta regista
clientes em incumprimento contractual, que querem pagar, mas que por diversos
motivos, não conseguem cumprir esse pagamento com o inicialmente contratualizado.
O que acontece então? O credor quer ver de volta o seu capital e o devedor quer
pagar. Encontra-se uma solução que vá ao encontro das partes – alonga-se o
prazo para que o devedor possa pagar e gerir o seu rendimento de forma mais
tranquila. O devedor vai pagar mais? É verdade. Mas honra o contrato de crédito
inicialmente celebrado.
É
exactamente aquilo que o Governo português deveria propor aos seus credores. Um
alargamento do prazo, sem qualquer “haircut”
ou perdão de juros. Iríamos pagar mais, é verdade, mas os sacrifícios a que
todos somos chamados poderiam ser menos duros, mais geríveis e os portugueses
terem uma qualidade de vida melhor. Caso não venha a acontecer, todos estes
enormes sacrifícios terão sido em vão. Portugal não terá capacidade de pagar
toda a sua dívida.
E
já nem coloco como hipótese o Tribunal Constitucional, no próximo OE, vetar a
Contribuição Extraordinária de Solidariedade, a Sobretaxa sobre o IRS e a
convergência do regime do sistema de pensões da Caixa Nacional de Aposentações
à Caixa Nacional de Pensões. Porque estas três medidas representarão cerca de
1.000 milhões de Euros e o Governo já disse que não tem plano alternativo.
Quando
se deve, o problema nunca está só do lado do devedor. O credor tem todo e o
legitimo interesse em ver de retorno o montante mutuado, portanto, não entendo
a relutância do nosso Governo em propor uma renegociação nos moldes
apresentados nesta minha reflexão. Até lá, vamos todos ficando mais pobres, mais
debilitados e sem perspectivas de futuro.
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